A VOZ DO VIOLÃO

Não queiras, meu amor, saber da mágoa

Que sinto quando a relembrar-te estou

Atestam-te os meus olhos rasos d’água

A dor que a tua ausência me causou.


Saudades infinitas me devoram,

Lembranças do teu vulto que nem sei

Meus olhos incessantemente choram

As horas de prazer que já gozei


Porém neste abandono interminável

No espinho de tão negra solidão

Eu tenho um companheiro inseparável

Na voz do meu plangente violão


Deixaste-me sozinho e lá distante,

Alheio à imensidão de minha dor,

Esqueces que ainda existe um peito amante

Que chora o teu carinho sedutor


No azul sem fim do espaço iluminado

Ao léu do vento se desfaz

A queixa deste amor desesperado

Que o peito em mil pedaços me desfaz


(Francisco Alves e Horácio Campos)